Noticias:Agora é que são elas! Mulheres chegam ao poder no tráfico.


O tráfico tá cor de rosa choque. Como na canção de Rita Lee, personagens como Nem Gorda e Mari mostram que no crime as dondocas são uma espécie em extinção. Elas saíram das sombras para assumir o papel de donas de boca e dar nova cara ao comando do tráfico em Salvador.   

A cabeça do comércio de entorpecentes na Cidade Nova, Pau Miúdo, Sertanejo e IAPI é Marisângela Soares de Souza, 29 anos. Ela se junta a traficantes como Maria Lúcia dos Santos Gomes, a Nem Gorda, de Periperi, e Rosângela de Souza Pinto, a Rose - liderança paulista do Primeiro Comando da Capital (PCC), mas que mesmo assim tinha influência na Bahia e foi presa na Operação Genesis na semana passada.

Marisângela comanda uma quadrilha formada por cerca de 30 pessoas. As bocas ficam nas localidades de Jogo da Bola, Forno, Campinho e Carmosina, na Cidade Nova; na comunidade dos Pirineus, no Pau Miúdo; no bairro de Sertanejo e na comunidade de Campo do Milho, no IAPI. No total, a área tem perto de 700 mil habitantes.

Poliana não perdoa. Ela responde por dois homicídios ((Divulgação / SSP); Nem Gorda mandou matar mais de 30 em Periperi (Reprodução / Almiro Lopes); Neinha controlou o tráfico de drogas em Camaçari (Divulgação / SSP); Fabiana está entre os dez mais procurados (Divulgação / SSP); Marisângela herdou o império do marido Pity (Divulgação / SSP); Simone Floquet, tradição de crimes no Alto das Pombas(Almiro Lopes / Arquivo Correio)


Primeira-dama 
A autoridade de  Mari vem de sua linhagem “nobre”. Ela é viúva de Éberson Souza Santos, o Pity, fundador da maior quadrilha da Bahia, a Comissão da Paz (CP). Após a morte do marido, em 2007, a primeira-dama foi alçada à presidência.

Antes de chefiar, Mari passou pela 10ª Delegacia, em Pau da Lima, por facilitar a fuga de presos em maio de 2004. Como líder, hoje, ela divide a rotina entre a guerra com três quadrilhas rivais e a organização do comércio. 

Na guerra, Mari conta com dois soldados experientes. O primeiro é Lázaro Bonfim dos Santos, o Malhado, homem de confiança de Pity para eliminar inimigos. Ele responde a dois inquéritos por homicídio, porte de arma e formação de quadrilha. O segundo é Luis Raimundo dos Santos, o Shrek. Ele responde a três inquéritos por furto e homicídios e tem um mandado de prisão preventiva de 2008.

Danilo Rocha de Carvalho, o Cacaroto, acusado de participar da decapitação de Janaína Cristina Brito Conceição, 16, e Gabriela Alves Nunes, 13, em Nova Divineia, ano passado, também é da quadrilha. 

Com o marido, Mari aprendeu a manter o poder mesmo presa. Detida em 11 de dezembro do ano passado por tráfico, ela dividiu a chefia dos pontos de venda entre seus homens de confiança. 

As bocas da Cidade Nova foram repartidas entre um cadeirante conhecido por Goiaba e Neidson Souza Santos, irmão de Pity. O cunhado também cuida do bairro de Sertanejo e do IAPI. A região do Pau Miúdo é gerenciada por Shrek. As bocas ficam nas ruas 3 de novembro e Professor Batista Vieira.

“Fazemos incursões na região, mas a quadrilha se movimenta muito e costuma se esconder na casa de moradores”, explica o major Josenei Rangel, comandante do 37ª Companhia, na Liberdade.
Tradição 
Mesmo após a instalação da Base Comunitária de Segurança no Calabar, em abril, o clã Floquet, ligado à CP, continua liderando o tráfico no Alto das Pombas. 

A chefe é Simone Silva Floquet Miranda, 45 anos. Apesar da ação policial, que enfraqueceu o bando, ela continua à frente da boca nas imediações da rua Teixeira Mendes. 

Simone assumiu após uma série de golpes sofridos pela família. O primeiro foi a morte de Leandro Floquet, em maio de 2010. Selma Floquet, mãe de Leandro, se tornou chefe, mas foi presa em setembro.

Tia de Leandro, Simone sempre participou dos negócios. Em 16 de abril de 2007, ela foi condenada a três anos e seis meses de prisão pela 1ª Vara Crime Privativa de Tóxicos. Presa em 2009 por investigadores da 7ª Delegacia, no Rio Vermelho, ela cumpriu parte da pena e está em liberdade.

“Simone está mais contida depois da Base. Ela é envolvida com várias coisas”, disse o delegado Daniel Pinheiro, titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE).  

Os moradores confirmam. “Tá tudo muito mais tranquilo, mas o tráfico não parou. Antes eles tiravam onda pela rua com arma na mão. Agora, tão na manha”, disse um morador do Alto das Pombas. 

Outra comandante da região que está presa e perdeu força é Poliana dos Santos Sá. No currículo, ela tem dois homicídios, em novembro de 2005 e março de 2006, e uma tentativa, em maio de 2006.

Procurada No baralho dos mais procurados pela polícia baiana, divulgado na semana passada, Fabiana Barbosa de Souza, 23 anos, é o 10 de copas. Ela atua no Alto da Terezinha e Suburbana. O secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, afirmou que ela tem grande influência e cuida da burocracia da quadrilha.


Neinha criou delivery no Litoral Norte
Ela não aparece no baralho dos procurados pela Secretaria de Segurança Pública, mas é a dama de ouro das praias do Litoral Norte. Jucinéia da Silva Teixeira, a Neinha, dava as cartas em Monte Gordo, Guarajuba, Barra do Jacuípe, Barra do Pojuca, Jauá, Arembepe e Vila de Abrantes, na Região Metropolitana de Salvador. Ela está presa desde agosto do ano passado. Com o grande número de turistas nas praias, Neinha criou um esquema de drogas delivery para os condomínios. Ela usava motos - duas foram apreendidas. Neinha tem quatro casas - em Camaçari, Arembepe, Monte Gordo e Barra do Jacuípe. Sempre que suspeitava que a polícia estava se aproximando, ela mudava de residência.

Adolescente comandava em Periperi
Nem Gorda não é a pioneira de Periperi. Em 2007, uma adolescente de   15 anos foi apreendida por investigadores da 5ª Delegacia, em Periperi. A menina chefiava uma quadrilha formada por adolescentes e adultos, que atuava na comunidade de Cidade de Plástico, em Periperi. Ela foi apreendida com três adolescentes e dois adultos. “Ela era grosseira, xingava muito. Era uma figura masculinizada. Todos tinham medo dela”, lembrou a titular da Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI), Claudenice Mayo. Ela é autora de três homicídios. Ao contrário das demais chefonas, ela não tinha matadores - ela  mesma executava o serviço. A traficante costumava torturar os usuários que lhe deviam dinheiro.






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